quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Vergonha alheia de si mesmo


Eu queria era esquecer essas humanidades, essas tolices todas que moram dentro de mim e do lado de fora dos meus olhos.
As tolices das humanidades de fora podem ser tão feias quanto as de dentro, mas ninguém vê, ninguém sente o que tá nas dobraduras daqui.
Até sente, sente muito, mas não sente do jeito certo. Sente no riso nervoso e na falta de ação. No olhar perdido, que as vezes confundem com misericordioso.
Com leveza e emancipação.
Talvez até seja esse último, mas tá longe, tão longe e muito longe de ser lindo.
É só um ânsia. De cuspir tudo de volta o que vem garganta abaixa, de me agarrar e me rasgar e me medir, essa humanidade, essa tolice de fora e de dentro.
Porque é isso que humanidade é.
É tolice, é desprezo e é paixão. Acima de tudo paixão.
Não importa, mas se tiver paixão é porque ainda tem humanidade, e as vezes essa é a última coisa que se pode querer.
Li em todos os olhos. Ouvi todos os silêncios.
Mas continua ali aquele ruído.
No cheiro da fumaça e na cor de carne do esmalte.
E você continua saindo.
Vê se da próxima vez, tranca a porta e esconde a chave tá?

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Roleta russa

E ela sangrava, aos pouquinhos e pelas beiradas.
Gostava de sentir a viscosidade escorrendo pelos seus dedos. De alguma forma parecia mais viva.
Mas se escondia, lambia e limpava.
Tirava todas as marcas e concussões. Se fazia respeitável.
Então uma panorâmica sempre estragava tudo. Todo aquele rastro vermelho.
Então parou de escorrer um dia, não se sabia ao certo.
Se já escorrera muito e tudo, se cansou apenas ou ficou por fim preso. Em seu suposto devido lugar.
Dentro e comportado, vermelho e vivo. Mais ou menos que antes.

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Panorâmica da volta


Essa coisa de alternar entre alter egos é tão cansativa que me cansa dos dois e me cansa de mim.
É tão estranho e tão bonito, já que a beleza impertinente é sempre a mais bonita, a mais estranha e mais atroz.
E eu que tenho essa queda pelo que é atroz e irracional. Toda a mágica pode te provar o que eu digo.
De tanta prova, tanta canseira e tanta necessidade nasce o verbo. E disso que ele morre também.
E renasce. Sempre que renasce, mais frágil e meio esquálido se apaixona de novo.
E o destino, tão tão previsível, combinou com a paixão de ter sempre de despedaçar tudo.
Toda estilhaço é a parte e o todo.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

14

Obrigado.
Obrigado pelo tudo e pelo nada. Pelas lágrimas, pelo ombro amigo. Pelo tempo passado junto e pelo tempo passado longe. Pelas noites sem dormir e pelos dias passados sonhando acordada. Pelas piadas infames e os risos sem motivo algum. Por toda a esperança. Pelo amanhã.


Obrigada por ter me salvo do mundo e das pessoas. De mim mesma e do tempo. Da vida e da falta dela. Um eterno salva-vidas.

Obrigado pelas lições de moral que não foram ditas, pelo conforto sem palavras e pelo ritmo adquirido em silêncio. Por todo o espaço entre uma palavra e outra. Pela falta de espaço entre as palavras também. Pelo verbo, pela paciência e pelo obrigado. Você é uma eterna canção.


Pelas súplicas no olhar. Pelo comprometimento e fidelidade. Pelo afago que vai a quilômetros de distância. Pela falta de malícia. Ou por toda ela. Por todo o sentimento e todos os sentidos. Pelo dia que carrega a noite. Pela direção. Pelo corpo que carrega as marcas e as memórias que carregam o corpo.


Obrigada pelo sempre, pelo mais, pelo melhor e pelo depois.
Obrigada pelo poema, pela maravilha e pela doçura. A paz, a força, a candura e o cuidado.
Pelo amor também. Pela amizade também.
Obrigada.


Por toda a vida, obrigada.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

pausa para uma descrição

mais uma semana chega ao fim,
incrível como pode parecer muito
ou muito pouco
mas o resto da vida está logo ali, na próxima esquina
só esperando para te pegar de jeito
e então você descobre que não se importa com esse para sempre
por que ele sempre esteve te esperando, o momento exato pra te provar que não é só cinema
que por mais difícil que possa ser, as vezes as coisas dão certo de um jeito tão grande
e tão perfeito que AH!
nem tem como descrever.